Roteiro econômico pela Big Apple tem teatro, museu, jantares e almoços em restaurantes. Confira!
Quanto dinheiro você precisa para passar um final de semana em Nova York, incluindo teatro, museus, cinema experimental, jantares em restaurantes todas as noites e, de quebra, algumas cervejas? Acha US$100 uma quantia razoável?
Talvez não, mas você deveria experimentar. Manhattan até pode parecer o lugar mais caro dos Estados Unidos – é fácil fazer US$10.000 desaparecerem em um único fim de semana – mas, pode também ser uma cidade barata. Mesmo com apenas US$100, é possível se divertir sem entrar no vermelho.
O orçamento: US$40 para alimentação, US$30 para cultura, US$20 para o metrô e US$10 para as bebidas. O resultado foi um final de semana exaustivo e estimulante que misturou pontos turísticos clássicos a lugares insólitos. Tudo o que você vai precisar é de hospedagem gratuita (caso não tenha amigos na cidade, o site Couchsurfing pode ser uma opção) e uma boa dose de energia.
O plano: dobradinha de pizza e teatro, seguida de uma cervejinha. Cem dólares não dariam nem para entrar em um espetáculo da Broadway, mas, em muitas noites aos finais de semana, a cena teatral da cidade oferece várias opções a menos de US$20.
Procurando nos jornais e revistas descobri que o Public Theater tinha em cartaz a peça “Measure for Measure”, de William Shakespeare, na Judson Memorial Church (Greenwich Village), por US$15. Era a primeira produção do programa Mobile Unit, que já tinha apresentado espetáculos em prisões, abrigos de idosos e outros lugares. Sem dúvida, um espetáculo diferente – em um palco redondo e com as luzes acesas –, mas o elenco fez uma boa exibição. A temporada deste espetáculo já terminou, mas ingressos de teatro a preços módicos geralmente podem ser encontrados vasculhando listagens, como eu fiz.
Encontrei o meu jantar pré-teatro no Joe’s, a poucas quadras do Judson, onde comi duas fatias finas e crocantes de pizza por US$5,50. Tomei uma cerveja pós-espetáculo (Sixpoint Righteous Rye Ale) ali por perto, no Bling Tiger Ale House, por US$7,50, gorjeta inclusa.
Escolhi o Lower East Side como meu primeiro destino. O bairro reúne várias características da cidade em um único lugar: diversidade (chineses, latinos), revitalização de um bairro (com coffee shops e boutiques) e história (prédios antigos).
E, é claro, donuts. Uma amiga chilena, Valeria Matínez, acompanhou-me em grande parte do dia. Tomamos café da manhã no Doughnut Plant (que engorda os nova-iorquinos com omeletes e donuts suculentos deste 1994). Dali, seguimos caminhando em um tour guiado pelo excelente podcast do Lower East Side Business Improvement District (A organização oferece tours gratuitos, acompanhados por guias, de abril a novembro).
Nós nos divertimos bastante com nossa “narradora invisível”, enquanto ela falava sobre os detalhes arquitetônicos de prédios de apartamentos incrivelmente ornamentados; contando a história de Sender Jarmulowsky, banqueiro russo cujo nome ainda adorna seu edifício de 12 andares na esquina das ruas Canal e Orchard; e mesmo nos conduzindo à sofisticada coffee shop Roasting Plant.
Enquanto caminhávamos pela Orchard Street com nossos fones de ouvido, percebemos que um chinês estava descarregando caixotes verdes cobertos de um caminhão grafitado. Tinha alguma coisa se movendo dentro dos caixotes: centenas de sapos nojentos, do tamanho de bolinhas de tênis! Depois de nos recuperarmos do susto com os sapos, continuamos nosso tour, que terminou na Katz’s Delicatessen.
Em seguida fomos para a estação de metrô South Ferry, para pegar a Staten Island Ferry, uma balsa gratuita que leva até a Staten Island, oferecendo uma bela vista da Estátua da Liberdade.
Diferentemente do Statue Cruises, embarcação que leva visitantes a Ellis Island e custa US$ 12, a linha pública não oferece muito espaço para ficar de pé do lado de fora e também não para na Estátua da Liberdade. Mas o bom é que não há filas e você pode embarcar 24 horas (a viagem de ida e volta dura cerca de uma hora).
Após desembarcarmos, pegamos o metrô até a Times Square e fomos até o Margon, um restaurante para almoçar no balcão, situado na rua 46, que serve especialidades cubanas. Dividimos um sanduíche cubano (US$6) e costeletas de porco com uma porção gigante de arroz e feijão (US$9) e completamos com duas cervejas Corona para cada um (US$2,50 cada), que estourou meu orçamento de bebidas. O almoço terminou depois das 4 da tarde, quando Valeria e eu partimos para outros programas (menos frugais).
Peguei o metrô para o Museu Guggenheim, onde nas tardes de sábado muita gente aguarda na fila pelo período em que paga-se quanto quiser pelo ingresso, das 5:45 às 7:45. Segundo a atendente que recebeu meus US$5, o pessoal costuma pagar um dólar (US$17 a menos que o preço da entrada).
Embora diversos museus nova-iorquinos tenham essa política do “pague o quanto quiser” (incluindo o Metropolitan e o Museu de História Natural), todo mundo se sente um pouco sem graça de fazer essa opção. Mas, como o Guggenheim anuncia o período temporário deste tipo de entrada, você pode entregar sua nota de US$1 sem nenhum contrangimento.
No museu, centenas de jovens fizeram o tour quase gratuito para ver a exposição “Caos e Classicismo: Arte na França, Itália & Alemanha, de 1918 a 1936”, que mostra o retorno parcial de artistas às formas clássicas depois da Primeira Guerra Mundial.
Depois de comer algo, decidi gastar US$9 dos US$10 restantes do meu orçamento para cultura (e em outra roubada do MetroCard) em qualquer coisa que estivesse em cartaz no Anthology Fim Archives. Fui até lá para ver “Pyramidial”, de Castel, filme que eu mudaria o nome para “Homem Acidentalmente Deixa Ligada Sua Câmera de Vídeo dos Anos 90 de Baixa Qualidade”. Talvez eu não tenha entendido a questão experimental, mas acho que não fui o único. Ou melhor, fui sim. Quando finalmente saí no meio do filme, eu era o último membro restante da plateia de oito pessoas. O programa custou alguns dólares a menos que uma estreia, mas a pechincha não saiu de graça.
Aquele parecia um dia ideal para explorar a cultura dos cafés contemporâneos de Manhattan e preencher um requisito alimentar de um final de semana nova-iorquino, o bagel com cream cheese. Decidi ir ao Grounded. A casa fica em uma viela, que filtra os pedestres e mantém o público quase só de habitués.
A chuva e a pura inércia me deixaram entalados por lá por deliciosas horas, até eu resolver gastar meus US$5,46 restantes em um almoço no Village, mais especificamente no Streecha, restaurante ucraniano em um subsolo aberto apenas das 10 da manhã às 4 da tarde das sextas, sábados e domingos. Gastei US$5 em uma excelente xícara de borscht, dois pastéis e repolho recheado. O público era basicamente formado por mulheres grisalhas batendo papo em ucraniano, mas tinha também um grupo de forasteiros que pareciam agradar as mulheres.
Certamente eu não era o único homem desacompanhado a escutar de um grupo de ucranianas septuagenárias que elas poderiam me arrumar uma “boa moça ucraniana” para casar. “Excelente!”, disse eu. “Quem de vocês está disponível?” Suspeito que, pela resposta rápida de uma das senhoras, elas também já tinham ouvido isso antes: “Ah, não! Somos jovens demais pra você!”.
Fonte: IG Turismo
Disponível em: http://turismo.ig.com.br/destinos_internacionais/2011/01/27/final+de+semana+em+nova+york+por+us100+10346353.html
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