domingo, 15 de janeiro de 2012

Custo de vida do Brasil supera o dos EUA



Em uma lista do FMI de 150 países em desenvolvimento, o Brasil é praticamente o único cujo custo de vida supera o americano em 2011
Reprodução Internet 
Viver no Brasil é mais caro que viver nos EUA

custo de vida do Brasil superou o dos Estados Unidos em 2011, quando medido em dólares, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o PIB dos 187 países-membros. Este fato é extremamente anormal para um país emergente. Em uma lista do FMI de 150 países em desenvolvimento, o Brasil é praticamente o único cujo custo de vida supera o americano em 2011, o que significa dizer que é o mais caro em dólares de todo o mundo emergente. 

Na verdade, há outros quatro casos semelhantes, mas referentes a São Vicente e Granadinas, um arquipélago minúsculo; Zimbábue, país cheio de distorções, onde a hiperinflação acabou com a moeda nacional; e Emirados Árabes Unidos e Kuwait, de população muito pequena, gigantesca produção de petróleo e renda per capita de país rico. 

Considerando economias diversificadas como o Brasil, contam-se nos dedos, desde 1980, os episódios em que qualquer um de mais de cem países emergentes apresentasse, em qualquer ano, um custo de vida (convertido para dólares) superior ao dos Estados Unidos. 

Há uma explicação para isso. O preço da maioria dos produtos industriais tende a convergir nos diferentes países, descontadas as tarifas de importação. Isso ocorre porque eles podem ser negociados no mercado internacional, e, caso estejam caros demais em um país, há a possibilidade de importar. Mas a maioria dos serviços, de corte de cabelo a educação e saúde, não fazem parte do comércio exterior. Assim, eles divergem muito em preço entre os países. 

Em nações ricas, com salários altos, os serviços geralmente são muito mais caros do que nos emergentes. Isso se explica tanto pelo fato de que a renda maior tende a puxá-los para cima, como pelo fato de que a mão de obra empregada no setor de serviços recebe muito mais e representa um custo maior. Dessa forma, é principalmente o setor de serviços que faz com que o custo de vida seja mais alto no mundo avançado. Na comparação com os Estados Unidos, os países emergentes são quase sempre mais baratos. 

O alto custo do Brasil, calculado em dólares, é um problema particularmente espinhoso para a indústria. O setor de serviços, cujo encarecimento é a principal causa do fenômeno no país como um todo, está muito mais isolado da competição internacional. E o setor de matérias-primas, apesar de exposto à concorrência externa, se beneficia da grande alta de preços internacionais. 

A indústria, porém, tem de lidar simultaneamente com o alto custo do Brasil e com preços internacionais deprimidos pela combinação da avassaladora e barata produção chinesa com a demanda combalida dos países ricos. "Ou o Brasil fica mais barato e aumenta a produtividade ou vamos virar precocemente uma economia de serviços", diz Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). 

Ele acredita que há um processo de desindustrialização relativa, que define como o apequenamento da parcela da indústria diante da expansão dos serviços. Para Gomes de Almeida, o Brasil corre o risco de envelhecer, ficar caro e se desindustrializar antes de ficar rico. 
O alto preço das commodities exportadas pelo Brasil e os fluxos de capitais são apontados como as principais razões para a valorização do real, o fator mais importante para explicar por que o País está tão caro. Os capitais são atraídos pela boa forma econômica do Brasil e pelos juros ainda bastante elevados, na comparação com as taxas próximas a zero do mundo rico. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

Fonte: Época

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