Você já deve ter ouvido por aí algo como: “Esse homem se veste tão bem, deve ser gay”. A ideia de que os homossexuais se vestem melhor do que os heterossexuais é tão forte que já virou para muita gente uma espécie de radar, que ajuda a detectar a orientação sexual de alguém. Expert no assunto, o editor de moda da revista Harper’s Bazaar no Brasil, Sylvain Justum, acredita que a teoria popular é relativa : “A vantagem dos gays é não se chocar tanto com as novidades propostas nas passarelas. Mas aplicá-las na vida real é outra história”. Segundo ele, muitos gays se vestem de forma clássica, assim como grande parte dos heterossexuais.
Para o editor, tanto os gays quanto os héteros vão perceber em algum momento que saber se vestir bem pode trazer benefícios não só pessoais, mas também profissionais. Porque as roupas influem de maneira decisava no tipo de imagem que queremos passar no ambiente profisssional, seja ela clássica e conservada ou irreverente e criativa.
André entende que estar atento ao que acontece nas passarelas de moda nos ajuda a saber quais são últimas tendências da moda, mas também nos auxilia a descobrir, por exemplo, qual tipo de blazer ou de sapato é o mais apropriado para uma reunião de trabalho e para o happy hour com amigos. Ao comparar o consumidor de moda brasileiro com os europeus, considerados os mais estilosos do mundo, Sylvain Justum espera que os homens brasileiros tenham a capacidade "de vencer o machismo, a insegurança e o preconceito para chegar a níveis internacionais", ainda que seja a "passos de formiga". Com uma coleção de mais de 30 gravatas estilosas em seu armário, o norte-americano Nicholas Arciniegas, de 25 anos e heterossexual, conta que já foi submetido a situações constrangedoras pelo modo como se veste. Ele, que passa temporadas em São Paulo por causa de sua namorada brasileira, teve a sexualidade questionada na família por causa disso.
Há 5 anos, o estudante de direito passou uma temporada em Londres, onde começou a se interessar mais por moda. “O meu colega de quarto era gay e foi através dele que eu aprendi a apreciar a moda. Eu o acompanhava em suas compras e, no processo, comecei a desenvolver meu próprio senso de estilo”, diz ele.
No entanto, quando voltou para Birmingham, no Alabama, região sul dos EUA, Nicholas enfrentou preconceito de sua família pelas roupas que trouxe da viagem. “Uma noite, quando eu estava me preparando para sair, eu me vesti de um jeito próprio, mais individual, como eu faria em Londres. Quando meu irmão viu o que eu estava vestindo, entrou em pânico e ficou perguntando ‘Você é gay? Você é gay?’. Sua reação me assustou, então troquei de roupa e vesti algo mais conservador”, conta o estudante.
Hoje em dia, Nicholas já não tem esse tipo de problema com a familiares, eles não relacionam mais suas roupas com sua orientação sexual. Mas o estudante continua se mantendo mais conservador do que gostaria quando vai para a faculdade.
Sobre o fato de grande parte da sociedade ligar a moda aos gays, Nicholas não vê problema. “Os homens heterossexuais também estão muito mais atentos ao seu visual... e se importam menos com isso. A maneira como você se veste é uma expressão completa de quem você é. Então, se você se veste de modo relaxado, você comunica às outras pessoas que você é relaxado”, observa.
Fonte: IG
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